Mito Urbano - "O Gaitas"

Maria Ivone estava sentada na sua escrivaninha quando sua atenção modeladora se dirigiu automaticamente para um ponto evasivo da sua rua. Era o som de uma gaita. Uma gaita suave e penetrante que por ali passava.
Imediatamente se dirigiu a sua janela, penetrando no seio de seu cortinado de forma a que seus olhos pudessem espreitar sorrateiramente para o exterior, identificando assim a origem de peculiar melodia.
Tratava-se de um jovem gaiteiro que por ali passava. Um moço esbelto e luzidio. De lábios carnudos e peito ofegante. Silhueta dançante e narinas semi-abertas capacitadas de suprimir numa unica inspiração todo o ar circundante, moldando-o, criando música e estupefacção.
Maria Ivone reconheceu imediatamente aquele jovem. Soube nesse precioso instante que aquele era o homem de sua vida, o amor que seu coração e seu espirito requeriam para que pudessem continuar a caminhada árdua e repelente que encontravam diante de si.
Ela desceu.
Ainda hoje, continua a partilha. Ele na gaita, ela no afia.