GRANDE e Bonita
Mãe – (a pentear o cabelo da filha) Tenho pena que não o cortes, prefiro ver-te com ar de Maria rapaz.
Filha – Depois os rapazes gozavam comigo.
Mãe – É bom que os rapazes gozem. Porque enquanto gozam não têm ideias menos decentes.
Filha – Se alguém se mete comigo fico triste.
Mãe – Nada melhor do que estar triste para fortalecer o carácter. É assim que nos tornamos grandes e bonitas.
Filha – Já esteve muitas vezes triste, mãe?
Mãe – Não tantas como gostaria. Sempre me deixaram ter o cabelo grande como o teu. E isso não me trouxe nada de bom.
Filha – (hesitante) Se o cortar, vou ser grande e bonita?
Mãe – Terás mais hipóteses, minha querida filha…
Filha – Então corte-mo. Corte-me o cabelo para que eu possa ficar triste.
Mãe – (pega numa faca, detém-se a olhar para ela uns momentos, inicia o corte de cabelo, calmamente, mas gradualmente o ritmo acentua-se, cresce uma agressividade, transforma-se em fúria e degola a filha. Pausa. Respiração. Um momento. Retoma a pose e o sorriso) Agora, meu amor, estás grande e bonita. Como eu nunca fui.
Filha – Depois os rapazes gozavam comigo.
Mãe – É bom que os rapazes gozem. Porque enquanto gozam não têm ideias menos decentes.
Filha – Se alguém se mete comigo fico triste.
Mãe – Nada melhor do que estar triste para fortalecer o carácter. É assim que nos tornamos grandes e bonitas.
Filha – Já esteve muitas vezes triste, mãe?
Mãe – Não tantas como gostaria. Sempre me deixaram ter o cabelo grande como o teu. E isso não me trouxe nada de bom.
Filha – (hesitante) Se o cortar, vou ser grande e bonita?
Mãe – Terás mais hipóteses, minha querida filha…
Filha – Então corte-mo. Corte-me o cabelo para que eu possa ficar triste.
Mãe – (pega numa faca, detém-se a olhar para ela uns momentos, inicia o corte de cabelo, calmamente, mas gradualmente o ritmo acentua-se, cresce uma agressividade, transforma-se em fúria e degola a filha. Pausa. Respiração. Um momento. Retoma a pose e o sorriso) Agora, meu amor, estás grande e bonita. Como eu nunca fui.
3 Comments:
Oh nini... o texto serve para reflectir um bocadinho. Nem pensei na Joana quando escrevi, mas nas frustrações que andam para aí espalhadas e que se não forem devidamente "tratadas" acabam por ter um fim dramático como aqueles que conhecemos.
Qual Lady Macbeth!
Gosto, gosto, gosto! Gosto dos seus olhos, da sua maneira de andar! Sonho com tudo isso!
Não ousarei a voltar a ver aquilo!!
MAMÃE! QUERO LAMBER AS CHAMINÉS DO PALÁCIO NACIONAL DE SINTRA!!!
Em tudo encontramos semelhanças!!!... É uma das maiores graças da vida! :-)
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