quinta-feira, janeiro 19, 2006

E amanhã?

Farto-me de puxar este lençol.
Todas as noites, prendo-o estrategicamente debaixo do colchão, de forma a que me pareça que está sempre a fugir. Dessa maneira, recordo-me de ti, que me fazias companhia, com essa tua vontade egoísta de fazer da minha cama o teu palácio, onde sentias o dominio perfeito.
Sempre soubeste que eu era teu. Sempre te pertenci. Desde que me mostraste esse teu lado esquivo e sóbrio, diferente de tudo, mas igual àquilo que queria para mim.
Assim que me deito, sinto o teu calor. O saco de água quente substitui-te na perfeição.
O cheiro ainda é o mesmo, ainda me perfumo em ti, ainda te vejo a entrar pela porta e a sorrir com um aceno de culpa, por teres a certeza daquilo que te esperava, que nos esperava.
Um dia destes, vou-te visitar. Levo uma flor. Canto-te uma canção. Que me faça lembrar a tua rebeldia, que me obrigue a esquecer a ousadia, que me ajude a renascer nesse dia.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

que saudades nem sei de quê.
mas até isto, não saber, esperar, é maravilhoso por si.

9:48 da tarde  

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