Como quem se masturba
A Mariana queria um livro. Sempre desejara saber ler e perceber o que cada uma das letrinhas poderia significar. Ficava muito intrigada quando via alguém agarrado a um texto ou a viajar sentado, bastando para isso observar as expressões de regozijo que a cara dessa pessoa exibia quando se entregava ao prazer de um bom livro.
Quando alguém lhe perguntava o que queria ser quando fosse grande, a Mariana respondia de um só folego "Quero ser leitora!".
A Mariana tinha 78 anos.
Sempre bem vestido, o João decidiu que aquele era o dia em que ia bater à porta. Ele sabia que as hipóteses de ser bem sucedido eram escassas. No entanto, não quis deixar de desafiar o destino e impor aquilo que a sua vontade lhe sussurava ao ouvido "Tenta, pode ser que ela abra. E abrir a porta é também abrir o coração".
Respirou fundo, hesitou dois segundos, lembrou-se do que a mãe lhe dizia todos os dias em pequeno antes de sair de casa "Filho, olha que a vida é curtinha, não te percas naquilo que não vale a pena".
E não se perdeu. Bateu à porta duas vezes, à terceira ela abriu e deixou-o entrar.
"Rafael!", diziam as gémeas.
"Rafael, não comas porcarias!"
O Rafael tinha quatro patas, mas elas tratavam-no como um irmão mais novo. Onde quer que fossem, levavam o cão com elas. Eram inseparáveis.
Um dia, quando o verão dizia que o calor era a maior de todas as imposições, a mãe das meninas decidiu que era altura de levar o Rafael ao cabeleiro. Tinha pelo de rei, uma juba de leão enternecedora, mas muito pouco conveniente em épocas quentes.
Elas ficaram por casa, ele seguiu com a mãe.
Horas depois, a mãe regressou. Trazia um animal que não reconheciam. Era um Rafael diferente, menos bonito, algo atrofiado e vulnerável.
As meninas não se deixaram intimidar, abraçaram-no imediatamente, como de costume.
Naturalmente...
Quando alguém lhe perguntava o que queria ser quando fosse grande, a Mariana respondia de um só folego "Quero ser leitora!".
A Mariana tinha 78 anos.
Sempre bem vestido, o João decidiu que aquele era o dia em que ia bater à porta. Ele sabia que as hipóteses de ser bem sucedido eram escassas. No entanto, não quis deixar de desafiar o destino e impor aquilo que a sua vontade lhe sussurava ao ouvido "Tenta, pode ser que ela abra. E abrir a porta é também abrir o coração".
Respirou fundo, hesitou dois segundos, lembrou-se do que a mãe lhe dizia todos os dias em pequeno antes de sair de casa "Filho, olha que a vida é curtinha, não te percas naquilo que não vale a pena".
E não se perdeu. Bateu à porta duas vezes, à terceira ela abriu e deixou-o entrar.
"Rafael!", diziam as gémeas.
"Rafael, não comas porcarias!"
O Rafael tinha quatro patas, mas elas tratavam-no como um irmão mais novo. Onde quer que fossem, levavam o cão com elas. Eram inseparáveis.
Um dia, quando o verão dizia que o calor era a maior de todas as imposições, a mãe das meninas decidiu que era altura de levar o Rafael ao cabeleiro. Tinha pelo de rei, uma juba de leão enternecedora, mas muito pouco conveniente em épocas quentes.
Elas ficaram por casa, ele seguiu com a mãe.
Horas depois, a mãe regressou. Trazia um animal que não reconheciam. Era um Rafael diferente, menos bonito, algo atrofiado e vulnerável.
As meninas não se deixaram intimidar, abraçaram-no imediatamente, como de costume.
Naturalmente...
2 Comments:
finalmente de volta! ;) ta td bem pimo? adoro ler os teus textos, deixam-m inspirada :D beijinhus
Obrigado minha querida prima :-) Um grande beijinho
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